A QUARTA POSSE DE LULA

A QUARTA POSSE DE LULA

Depois da alegre e inesquecível posse de Lula, no dia primeiro de janeiro, como imaginar o cenário de destruição que se abateu sobre a Praça dos Três Poderes apenas uma semana após a passagem da faixa presidencial por um grupo representativo da diversidade do povo brasileiro?

Faz 40 anos que o movimento pelas Diretas Já! reuniu milhares de pessoas, uma mobilização que visava por fim à ditadura civil-militar, originada com o golpe de 31 de março de 1964.

Como se explica àquelas multidões que saíram às ruas, lutando pelo retorno do Estado de Direito, que almejavam viver num país democrático, com igualdade de oportunidades, saúde e educação para todos, que nos davam a sensação de que o Brasil poderia, finalmente, transformar-se numa pujante democracia, com a turba que se viu no famigerado 8 de janeiro, pleiteando um golpe de Estado, exatamente com o objetivo diametralmente oposto ao movimento pelas Diretas Já!?

Como foi possível que milhares de pessoas votassem num arremedo de ditador com claras pretensões golpistas para se perpetuar no poder, cujo desfecho mínimo seria o tolhimento das liberdades de manifestação e reunião deles próprios!?!

Alguns dizem que o chamado movimento conservador ganhou expressão nas jornadas de 2013 e que Bolsonaro soube capitalizar os anseios dessa massa, uma das razões que o elegeu em 2018.

Claro que inúmeras outras causas podem ser elencadas, mas a pergunta central que demanda urgente resposta é como desbolsonarizar ao menos parte dessa gente que não seria considerada radical e poderia ser conduzida ao centro do espectro político? Como desbolsonarizar as Forças Armadas, assim como as polícias militares, o Legislativo e até mesmo o Judiciário?

Aquele que tiver a resposta conseguirá, com certeza, se eleger o próximo Presidente da República, salvo se o próprio Lula tiver a resposta, o que o fará ser conduzido ao seu quinto mandato, pois a intentona fracassada, ao propiciar um alinhamento de forças com o atual governo, eliminou as barreiras bolsonaristas que não haviam se dissipado, mesmo após a posse formal e simbólica, fornecendo à Lula a força e a oportunidade que lhe faltava para fazer um pente fino na estrutura da administração federal, fazendo com que à posse de direito se transformasse na posse de fato do dia 08 de janeiro, a nosso ver a sua quarta posse.

De modo que, feito um bom governo com se espera e conseguindo reduzir as hostes bolsonaristas a um séquito de fanáticos aloprados que são, Lula, se quiser, terá garantida sua quinta posse em 2027.

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