RETROSPECTIVA 2021: O ULTRAJE DE SÉRGIO MORO À MONUMENTAL ÉDITH PIAF

RETROSPECTIVA 2021: O ULTRAJE DE SÉRGIO MORO À MONUMENTAL ÉDITH PIAF

Na retrospectiva de 2021, lembrei-me de uma edição do Jornal Nacional que noticiava a anulação das condenações de Lula, em razão da parcialidade declarada do ex-juiz Sérgio Moro que, na mesma reprodução, obteve um extraordinário espaço no referido noticiário para, basicamente, dizer, segundo sua pronúncia francesa claudicante, que “non, je ne regrete rien”, ou em tradução livre, “não, eu não me arrependo nada”, referindo-se à inesquecível e maravilhosa música, quase um hino eu diria, cantada pela ícone da música francesa Édith Piaf, que deve tê-la feito se revirar em seu sagrado túmulo ao ouvir os ecos do tamanho da arrogância, prepotência e, talvez, até de sua outrora onipotência, um dos responsáveis pelo estado de calamidade pública em que nos afundamos e por mais de 600 mil vidas perdidas.

É que as canções de eterna diva francesa são a expressão de uma vida de sofrimento, uma história de superação, desde sua infância miserável até atingir o ápice da fama nos idos dos anos 50 do século passado.

“Non, je ne regret rien”, quer ressaltar um momento de profunda emoção a imensa vontade de deixar o passado de sofrimentos e angústias para trás e recomeçar do zero uma nova vida.

Mas o combalido Moro não, ele tem muito pelo que se arrepender, ou estaremos diante de um verdadeiro psicopata, como aqueles serial killers que não se arrependem do crimes que cometem e são objeto de análise pelos estudiosos da psiquiatria forense.

Como alguém, com um mínimo de sanidade mental, pode deitar a cabeça no travesseiro e não se arrepender de ter submetido dezenas de acusados a um processo penal viciado, onde a acusação combinava com o magistrado as estratégias que seriam tomadas para condenar os réus de qualquer maneira?!?

Como a pessoa do ex-juiz se sente com a situação de calamidade pública que o Brasil atravessa, com milhares de mortos, tendo sido responsável, juntamente com a força- tarefa de Curitiba, de terem sido os responsáveis pela eleição do atual governo?

Se seu não arrependimento for apenas retórica para não dar o braço a torcer em público, menos mal para ele, pois se ele estiver gozando de plena saúde mental, o que duvido, pelos atos comprovadamente praticados, que conspurcaram a Constituição Federal e o devido processo legal, ele deve estar profundamente arrependido.

E como o ex-juiz deve saber, o arrependimento é uma das formas de análise de eventual exame criminológico, com a finalidade de avaliar a personalidade do criminoso, sua periculosidade e eventual arrependimento e a possibilidade de voltar a cometer crimes para a obtenção da progressão de regime de cumprimento de pena.

E no caso de uma possível condenação penal pelos crimes cometidos, o ex-juiz poderia se ver na situação de ter que se submeter a tal exame.

“Sim, eu me arrependo de tudo”, dirá um Sérgio Moro são, se quiser trilhar o caminho da reconciliação com a verdade, ou continuará a brandir ” não, eu não me arrependo de nada”, a vereda do arbítrio que, certamente, corroerá sua consciência, se são estiver, com a culpa e o remorso por toda sua existência?

Por: Newton José de Oliveira Neves